sábado, 1 de fevereiro de 2014

AMOR A VIDA TERMINA O CICLO SURPREENDENDO E EMOCIONANDO

Avenida Brasil mudou o conceito de novela
Quando Avenida Brasil teve seu capitulo 179 exibido no dia o 19 de outubro de 2012, o público ficou à mercê da experiente Gloria Perez, porém, após o estrondoso sucesso de João Emanuel Carneiro (nisso, pode-se afirmar que Avenida Brasil dividiu a teledramaturgia em antes e depois dela), a  coletividade não se conformava mais com o típico enredo e obviedade da autora e o resultado foi quase imediato: absolutamente ninguém gostou da trama e de suas ilógicas representações, o que fez com que a novela fosse constantemente criticada e satirizada.
Expectativa sobre o vilão Felix: ser ele a nova Carminha
Amor à Vida, entretanto, foi anunciada em uma hora em que todos estavam esperando para novamente se prenderem ao horário nobre, e não era por menos pois, apesar de seu enredo principal ser insosso, o anuncio de um vilão gay, debochado e elegante fez com que se pensasse que ele seria a nova Carminha da TV brasileira. Walcyr Carrasco tinha, então, um público avido e ansioso para acompanhar as peripécias de Félix Khoury. Os capítulos iniciais demostraram agilidade e criavam expectativa nos telespectadores que simpatizaram, e muito, com o antagonista homossexual no horário nobre.
Mocinha egocêntrica e herói machista

Mas, com o decorrer de algumas semanas, se foi percebendo que alguns erros do autor (que muito provavelmente não notou no momento em que escrevia) comprometeriam a qualidade de sua produção que marcava sua estreia como novelista do horário das 21:00hs: a grande quantidade de atores que compunham o elenco de Amor à Vida chegava a aproximadamente 90 profissionais, e isso somado a tramas paralelas que, em escala maior de erro, nada tinham a ver com a trama principal. E, se ainda fosse só isso, era fácil de contornar, contudo os problemas atingiram até mesmo o núcleo principal: a heroína, Paloma (carinhosamente apelidada pelo público de Pamonha), o que tinha de tonta, redobrava em egocentrismo; o simpático Felix já irritava com tanto sal que ele dizia, provavelmente, ter botado na Santa Ceia; o mocinho Bruno era tão enjoado, machista e chato quanto sua paixão nada convincente pela protagonista e aquele tal de Ninho, bem... sei lá, tinha um cabelo horroroso (é melhor nem citar cabelo para não lembrarmos das madeixas de Marina Rui Barbosa e sua morte causada de desgosto e não por um câncer com mais de 90% de chances de cura).  
A bipolaridade de Amarilys: nova função
De fato, logo a audiência de Amor à Vida caiu consideravelmente, e o autor teve que alterar mais de 70% do enredo original, retirando funções de um personagem, pondo em outro, recolocando aqui e ali, suspendendo outros e o resultado foi uma bipolaridade nunca vista na história das novelas. Como exemplo disso temos a personagem da Danielle Winits que se vilanizou para ter o que fazer, já que ser somente ouvinte da Paloma era por demasiado cruel (a protagonista não falava de outra coisa que não fosse de si e sua relação com o Bruno e a Paulinha). Ninho foi o que mais sofreu alterações de personalidade (os detalhes deixo para os colegas do Coisas de Novela, que, aliás, acompanho todos os dias, parabéns a todos que fazem parte desse divertido blog!), mas foi perdendo todo o espaço (que nem mesmo tinha) a cada capítulo.
Propaganda de livro na novela: ridicula

As merchandising sociais, constantemente inseridas na história através de diálogos toscos encabeçados pelo doutor Lutero e companhia, só tornavam a trama cansativa, mas Wacyr Carrasco superou a si mesmo, no quesito ”Novela Politicamente Correta,” quando começou a fazer a promoção de livros sempre recomendados pelo próprios personagens que, volta e meia, estavam com uma obra diferente a cada capítulo, chegando ao ponto de constranger-nos:  em uma discussão Bruno recomenda a sua filha um exemplar que a faria comportar-se bem!

Amor à Vida, para total desprazer de quem odiava a música cantada por Daniel na abertura, foi esticada por mais três meses, totalizando 221 capítulos, para que Em Família, de Manuel Carlos, pudesse ser gravada e desenvolvida com maestria (uma fatalidade havia ocorrido na vida do autor), por causa disso, a história de Carrasco girou em torno de si mesma, tornando-se chata, desinteressante e patética. No fim das contas o que interessava mesmo eram os acontecimentos no interior da mansão da família Khoury, cujo patriarca era o rígido doutor Cesar, presidente do Hospital San Magno (e, para ser bem sincero, nem mesmo a vida de Paloma e seus dramas egoístas prendiam a atenção), um homem que por diversas vezes traiu sua esposa Pilar (interpretada pela Suzana Vieira) com algumas mulheres durante sua vida de casado. 
Aline usando sua calcinha em seu plano de vingança
Aline, uma mulher fria e calculista, arquitetou uma vingança (digna de uma jumenta) contra Cesar em que incluía “tirar a calcinha” (créditos para o Coisas de Novela) e transar com ele durante 190 capítulos seguidos! E depois de tanto tempo, cegá-lo de amor (literalmente), deixa-lo mais burro que uma porta, roubar todo o seu dinheiro e matá-lo (parabéns, Aline, você merece o prêmio de vingadora mais idiota da teledramaturgia, se tivesse me procurado eu teria te recomendado, só para começar, a série Revenge para você aprender o que é vingança de verdade).
Entretanto foi nos 45 minutos do fim do segundo tempo que Amor à Vida surpreendeu e emocionou: a grande revelação sobre o sequestro de Paulinha, a culpabilidade do Felix e posterior redenção reconquistaram o público, fazendo com que o mesmo acompanhasse até o último momento o fim daquele que foi vilão e tornou-se o mocinho mais querido da novela, ofuscando um casal chato, enjoado e egocêntrico.
Felix: de vilão à mocinho mais querido do publico