quinta-feira, 20 de março de 2014

O PROTAGONISMO E O ANTI-HEROISMO VENANCIANO

O anti-heroísmo de Rafael Venâncio: humanidade
A Prostituta é a primeira obra do escritor Rafael Venâncio, esse romance cheio de polemicas tem sido palco de análises cuidadosas e comentários vorazes acerca da construção da trama e das personalidades dos personagens que compõem a história. Mas, é exatamente, o papel principal que tem deixado os críticos confusos quanto a quem seria (m) o (s) verdadeiro (s) protagonista (s) porque, em um romance comum, seria natural percebermos, logo de início, os mocinhos e vilões visto que suas atitudes refletem seu caráter e função. Rafael Venâncio, porém, nunca foi adepto de histórias de teor universal, para ele, a obviedade desestimula o leitor ou telespectador a acompanhar o enredo. “Penso que o segredo é alterar a função: misturar mal com o bem e bem com o mal e vê o que é que dá”, afirma o autor, sorrindo, pois é um declarado apaixonado pelo anti-heroísmo. “Esses personagens tornam qualquer trama, no mínimo, interessante”. Neste aspecto, A Prostituta, torna-se referência no quesito: seus personagens transitam, constantemente, entre o bem e o mal e grande parte deles possuem momentos de destaques na trama, dificultando a identificação do (s) protagonista (s).
O anti heroísmo de venanciano difere-se por apresentar personagens capazes de qualquer coisa para conseguir o que querem, sem sequer pararem para pensar nas consequências. “Eles não são, exatamente, bons ou maus, acredito que sejam humanos, e como a maioria de nós, impulsivos, ou seja, tomam atitudes que se arrependerão depois”, Rafael elucida, acreditando que, em situações da vida real, somos todos anti heróis da história de nossas próprias vidas. Por isso, o anti heroísmo venanciano, também, pode ser chamado de humanidade.
Prefaciadora Monick: depende do leitor
Com relação ao protagonismo Monick Fernandes de Oliveira, ao comentar sobre o conteúdo da trama, assevera: “O livro trata da fascinante história de três prostitutas; um homem traído; e uma mulher abandonada no altar”, ou seja, na concepção da comentarista, a obra narra as entrelaçadas histórias das prostitutas Janys, Paula e Alany; ao mesmo tempo que cobre a trama de Evandro Linus, o homem traído por sua noiva e nos comove com o drama de Diana Claire, a mulher abandonada no altar. A partir desta premissa de um pequeno prefácio percebemos que o autor cria uma armadilha para o leitor, levando-o a uma narrativa que, a semelhança de uma telenovela, tem tramas paralelas que se unem e reúnem em dado momento da história, como o escritor Washington Rocha frisou no prefácio da primeira edição do livro: “Rafael Venâncio não é pseudônimo. É um jovem santa-ritense que estreia na literatura com uma novela-folhetim estilo Suzana Flag, no capricho: ‘A Prostituta’”. Desta forma, descobrimos que Paula é a mulher que traiu Evandro com o irmão mais novo dele, Ricardo Linus, e que no passado o induziu a abandonar Diana Claire, no dia do casamento, perante o altar. E logo nas primeiras páginas, fica evidente que Janys é detentora de um segredo que acabará com a vida da Paula se for revelado, simultaneamente, Alany Menezes é outra prostituta, movida por um desejo de vingança contra o Evandro e toda a família dele  que é contratada pela Diana Claire para ajudá-la a elaborar um plano o suficientemente bom para que a ex noiva traída possa se casar com o Evandro.
Os personagens tem momentos de destaques

Rafael Venâncio caprichou na formação da trama e ocultara bem os papeis, fazendo com que a interação com o leitor fosse a protagonista, bem como, a capacidade interpretativa do mesmo se torna sua grande aliada. “O que mais eu gosto, quando leitor, é ser enganado”, Rafael revela, “começar a ler uma história acreditando que aquele personagem é uma coisa, quando, à medida que a trama se desenvolve, ele é outra, completamente diferente do que pensei”.
Monick, entretanto, exime-se da responsabilidade para identificar os papeis principais, transferindo-as para o leitor: ele terá de “descobrir quem realmente é a prostituta, onde se encontra o vilão e quem é o mocinho!” De fato, ela está certa, somente o leitor, seja qual for seu grau de instrução, pode fazer desaparecer as incógnitas existentes nesta em A Prostituta.







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